O Massacre dos Sabinos

            Sabino foi o médico, jornalista e líder político que deu nome à sabinada, o mais bem sucedido movimento armado urbano no Brasil, que chegou a conquistar a cidade de Salvador, a segunda maior cidade do país,  e a declarar a Bahia uma república independente,na madrugada de 6 ara 7 de novembro de 1837. Por nome todo ele era Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.          

      Quatro meses depois, nos dias 13, 14  e 15 de março de 1838, a cidade sofreu os mais sangrentos combates da sua história. Mais de 60 prédios foram bombardeados pelas tropas imperiais; e soldados e oficiais rebelados abandonaram os postos e eram massacrados, impiedosamente, mesmo depois de entregarem suas armas. Foram 1.089 mortos entre os rebeldes e 40 entre os legalistas.           

      Na verdade, o movimento republicano não era uma unanimidade entre os rebeldes. Todos estavam contra o governo central e o gatilho da revolta foi a saída do regente eleito Diogo Antônio Feijó, em setembro. Dizia-se que, com sua queda. O novo governo imperial iria diminuir a autonomia da Província. Todos protestavam também contra os impostos, que só beneficiavam a Corte. E contra o reconhecimento do valor da luta contra os portugueses que dominavam o mercado varejista de Salvador.           

      O presidente eleito, Inocêncio da Rocha Galvão  e seu vice, João Carneiro da Silva Rego, quatro dias depois da declaração de independência modificaram a posição dos revoltosos para limitar a república e a independência, que só teria validade até a maioridade do Imperador Pedro II (a 2 de dezembro de 1843)           

      Quer dizer que os sabinos não eram separatistas, apenas queixavam-se do governo da Regência.As queixas eram muitas entre os rebeldes, cuja maioria era da classe urbana pobre. A redução do efetivo militar, de 1831, deixaram muitos oficiais desempregados. E a Guarda Nacional, com seus oficiais eleitos (criada naquele mesmo ano), substituía o Exército por uma força civil que só interessava às elites brancas. Na Guarda o racismo exigia batalhões segregados, de brancos, mulatos e negros e muitos dos negros eram oficiais muito populares. Daí o apoio, na sabinada, da maior parte da população, que era negra. Curiosamente, a nova República manteve a escravidão, “por ser um direito de propriedade”, num esforço de conquistar a classe senhorial baiana que, aos primeiros movimentos retirou-se para o Recôncavo.

      Os senhores de engenho é que armaram o Exército para enfrentar os revoltosos. A cidade foi bloqueada, primeiro por mar e depois por terra. A notícia de que os escravos estavam fugindo para alistarem-se nos batalhões deSabinos criou um problema: os soldados só admitiam pretos crioulos, isto é, nascidos no Brasil. Os escravos que haviam vindo da África eram considerados estrangeiros e não podiam servir na tropa…           

      Os portugueses da cidade começaram a ser atacados e os ataques foram ficando cada vez mais violentos. Todos os estrangeiros começaram a ser aterrorizados.Os radicais, com José de Santa Eufrásia, major da milícia negra à frente, exigiam que o poder fosse entregue aos negros.As divisões enfraqueceram o movimento.

      Quando os legalistas tomaram posse de Salvador, a 13 de março, mataram todos os líderes negros. Os líderes brancos foram condenados à morte, “por incitarem escravos à rebelião e por homicídio”. Escaparam da forca porque, em 1840, D. Pedro II anistiou a todos, desde que fossem morar longe de Salvador. Sabino foi viver em Goiás

      O Hino 7 de Novembro, de Domingos da Rocha Mussurunga, cantava: 

“Já que bravos Artilheiros

Com denodo e heroicidade

Ergueram na pátria opressora

O pendão da Liberdade,

Eia, baianos!

 Neste almo dia

Morram tiranos,V

Viva a Bahia!”

Deixe um comentário